sábado, 30 de junho de 2012

A formiga Atômica atravessou a rua e a esmagaram como tomate

As piadas sem sentido nos trazem um riso confortável no absurdo. Interesses privados, aquela mesma coisa comum. Monstruosidade do acaso. Clientes ambíguos da causa mercantil de bichos exóticos-quase-humanos. Comportamento autométrico à respostas mecânicas e ausentes. Liberada sem descrição de libertinagem no dicionário. Caminhamos, então, com Deus no braço esquerdo. Uma mão me aponta uma caneta que assina virada pro não. Não sei quem foi, quem é, quem sou.

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Para tu que me pega na mão e me vende o penhasco...

...descobre em mim o que me esmurra a pedra.
Você que encontrou a liberdade
diz para aquele que vive no verde
que a uva é suicida em épocas de vinagre.
Amarrei meu bode na amoreira central do abismo,
quando venta o ar sangra.
Para compensar o vácuo, minha mente
vira estrela no cosmos que me conhece mais que a terra.
Espero pela promessa dos 3 desejos do gênio que virou louco
segundo os olhos psicóticos do mundo 2000.
Sou mesmo uma preguiça de olhos vendados dentro de uma
panela de pressão, apressam-me as moléculas enquanto
degusto sabores de vida.
O vapor faz o tempo passar dentro dos meus poros.
Usei pernas de pau quando criança hoje sou o anão no circo,
as crianças riem dos palhaços sem medo da melancolia.
Forma nunca foi conteúdo, só desespero concreto de quem nega
nossa humilde ingnorância.
Joguei o meu cigarro para morrer no chão e o caminhão
não me recolheu na coleta diária e seletiva.
O fim é um nada e a vida é um nada vestido de tudo.

terça-feira, 26 de junho de 2012

Av. Brasil


Com o corpo desvendado eu caminho escondida pela Avenida Brasil.
Os carros caminham comigo, cortejando o meu corpo-substrato.

Com os pulsos descobertos almejo o sol, buzinando dentro dos meus músculos.
Minha vida-caixa sem som. Estrada permanentemente nauseabunda.

Engarrafamento na Av. Brasil abriu a garrafa dos meus olhos e encheu o copo do passageiro de ônibus.
Foi ele mesmo que me disse para chorar cheiro e cachaça

Os turistas me querem insensível ao ver o meu reflexo invisível na faixa de pedestre.
Sou corpo de bagunça atravessando a rua fétida. São as minhas axilas de trabalhador da mente.

Cato o lixo litúrgico da Igreja Nossa Senhora do Brasil;
ouvi dizer que o Senhor-pós-moderno se disfarça em materiais recicláveis;
as vezes o vejo em janelas blindadas.

Rezo ao meio-dia como um analfabeto.
Se escuto perdão, leio culpa.

Vejo
Vermelho, amarelo, verde
Faz barulho no silêncio da cidade...

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Maturidade imposta por paredes fúnebres

                                                                                      Em memória de Nair Thomé


Cigalho tempo depois da morte. Chegou a hora cruel e misericordiosa de perdoar Deus. Chorei feito uma antagônica criança ouvindo o padre falar da pequena semente de mostarda e do coração fértil de Jesus. Jogar para plantar, quanto clichê esquecido na paixão de Cristo. Carregamos a nossa cruz egoísta sem mesmo saber se ela pesa. A morte pesa. Foi quando o grito mais original em mim se calou. O 11o domingo do tempo comum, mudou o animal em mim. Animal cosmopolita sem fé diante do espelho virtual. Vi que este animal é o mais burro de todos. Nada no mundo me esvaziou mais que a minha inabilidade de acreditar. Senti a vertigem daquele que se encontra. Seca sertanejeira dentro do miúdo ser que habita bem longe das veias que irrigam células transmissoras de pranto. No nada a distância me veio marrom e não supostamente taciturna. Cherei a terra feito animal desconsolado, comi uma minhoca e engoli um pouquinho daquilo que morre para ver se a crença ressuscitaria em mim. Chorei por lembrar que o meu animal viu poucas vezes a terra, medroso que é, cheirou poucas vezes a vida, covarde que é. Da geografia universal o que mais conheço é o duro asfalto sem vida. O cortejo fúnebre me levou com o coração pesado para te dizer (a)Deus. Enterram-me com terra e compaixão. Renasci na fé, com um jardim na boca.

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Rush-me hour


São Paulo 6:00 da tarde. Segunda-feira de luxo e com cheiro de charuto. Um vinho, dois vinhos; a cidade quer beber chá. Água gasosa para não dar ressaca enquanto o meu pulmão defuma o meu fígado. Nas tardes não sei definir ausência morfa nem ego ferido. Indigno-me comigo por levar o meu bloquinho que não me da status algum. Toda essa boêmia desenfreada em épocas de conservas de figo. Um vinho dois vinhos; embaixo de um prédio residencial. O prédio reside nas famílias sem mim. A cidade me fuma as cores da fumaça em um hall de entrada. O quadro cafona ilumina a minha alma com uma luz baixa de faróis em velocidade limite. Não quero me embriagar. Um vinho, dois vinhos; para ver no asfalto o tempo epifanico virar cotidiano dentro de um taxi vago que entope os meus vasos lacrimais. As 7:00 a cidade para ao mesmo passo que eu há tanto, há muito estou estática.

sexta-feira, 1 de junho de 2012

As flores brocham e os pintos murcham


Por um adeus mais produtivo as flores se recolheram da colheita invernal deste ano.
Por um amor infernal o olho do cu me pisca em noites cheiradas a antidepressivos.
O pinto murchou antes mesmo de se regar da minha saliva, o pinto se concretizou em pedra epitáfica na beira da estrada a caminho de Margarida.
Margarida, mulher(es) Bebericou na minha mão, olhou e sentou a beira de mim.
Berei seus olhos e tentei não rir. Pinto murcho por ti em noites escaldantes, amarelas, ele diz.
O pinto cacareja e cisca a flor nas costas das minhas pernas. Pernas que não se abrem ao ver o sol por de trás da mata.
Mata ofegante risonha e promiscua. Não quero dar. Quero é dar loucamente, por de tras do sol sem mata.
Te como por inteira flor brochada de Junho e te cuspo fora o coração.
O Viagra expositor na estante da memória de jovens murchos, sem flores românticas nas mãos que brocham.