quinta-feira, 27 de junho de 2013

Antiques

As peças desse carpete
uma vez já foram vivas
Circulares
como víboras hipnotizadas
de um recalque qualquer
pontuada pela mãe
no meio da segunda infância

Sobe o cheiro desse pó
de ontem e desse hoje
recolhido no meio
de latas de cerveja
vazias de pudor

Recrio a imagem
de saber ter um sonho
além desse sobreviver
a tantos invernos a fio
a frio metódico de facas
laminando a morte
da história semi
romântica dos Salmões

É que vivo morta
em papel de bala
guardanapo ou em tela de TV
Namoro em sonhos
bichos horripilantes
ultramarinos

Meu terapeuta
diz que água
é simbologia sexual
O que eu acho
muito normal

já que

guardo na primeira estante
um vaso muito grande
cheio de conchinas do mar
lembranças do cheiro
ensurdecido das ondas

O tempo
essa areia de um caixote inteiro enfiado na calcinha de banho





Crânio

Caixa vazada
de músculo e caos
enviando mensagens
subliminares
para os copos solitários
de vinho tinto

Meu corpo endereçado pelos correios
que caminham como os intestinos
as orelhas abelhudas
decodificam as necessidade
fisiológicas do sexo animal
do meu corpo
com os travesseiros

Recrutam-se maridos
para povoar a pélvis
Procura-se destinos
sem currículos vitales

Eu dou um rim
por um porre de Gim

cabeça
ombro
joelho e pé
cabeça
cabeça
cabeça
cabeça
.
.
.
.






terça-feira, 25 de junho de 2013

Aquarela

O olho nu pousa sobre o corpo
da menina que perdeu as roupas

Os lábios enxutos de doce amargo
salutam a memória encoberta de luz
sabor
geléia tarde
de amora

Fotografias paralelas / divino olhar de ponteiros de relógios

Mulher pintada na noite
espalhada a cara no concreto
como chuva no asfalto da hora do rush

Vestida de bolinhas atravessa as linhas brancas procurando de bar em bar o melhor bolo da cidade

Citrica de fumaça e carro
Ela desenha nas unhas um roer de ratos

que antes

borravam

seu vermelho batom




Gomos de vida

O peito ainda pulsa
o pulso ainda chama
a faca metade
da minha laranja

quinta-feira, 13 de junho de 2013

O meu Samba é feito de Ironia

Um pra cá
dois pra lá

a matemática
compondo

o meu paço
bem longe

do
par




Cupido

Da força pedida
do altar o padre comenta
o cometa ali distante

Por força sem Deus
eu deselegante lamento
não ter-te-vos em mim

Não cristo, por deus
dos deuses sou mais Zeus

Afrodite mãe de-te-vos
Cupido esculpindo
na garganta cem mil nós

Crente do que ficou
entre o olho tu e eu

Arre homem,
não vê, tem algo em ti que me quer comer como flor!




quarta-feira, 12 de junho de 2013

O Porteiro

Olhos de Lince rebobinando

as saias que saio
as blusas que entro

Os homens que traio
Os cigarros que acendo

O porteiro de dia sorri
o da noite então gargalha

Eu perco a decência
pagando a conta
apagando a luz

Eu finjo prudência
abrindo o portão
e gritando um Olá

E quando eles dormem
eu envergonhada
aperto a campainha
Eles acenam com a cabeça
e não dizem nada

E é assim o nosso trato
Ele, que de mim quase tudo sabe

-Boa noite meu amigo, bom trabalho e até logo


terça-feira, 11 de junho de 2013

Neon

Na mira do olho a luz imensa
do topo do edifício Banespa

Enlouquecer
essa paisagem

é difícil-me no fundo tão fundo

Nação-cidade

sempre hereditária

A via Leste
sempre seguindo
                           Norte
E eu aqui, sentada sem saber
amanhecer

o meu jogo da sorte

Eu pedaço Paulista
Eu ingenua turista

Em frenesi,

largada aos patos
que se parecem
                       pombas

A cidade incendia a Fé



Estado-pintado:                                             NEON








sábado, 8 de junho de 2013

Bob, his name is Bob

Tem um jogo sinistro
do qual eu pratico
quase que quase
que não desisto

Sonhar que o Coringa é carta
com destinatário para

Senhorita M.
Rua Garapeba, 251

No envelope lambido
a última estrofe
riscada do disco

Lalalá The M. In Me Lalá








sexta-feira, 7 de junho de 2013

Melodramática


Resisto abrir
os livros de receitas
mas se os abro
os como feito dieta

A casa é quem me cozinha
a fogo médio
a fruto brando

Eu me entrego
a devorar-me
os sonhos
de valsa

Hoje é sexta,
e nem a poesia
quer tomar
café comigo

Finjo que sou papiro
e responsabilizo
os ignorantes que não
sabem me assar


Né não,
tem dia que agente dorme
de conchinha
de feijão







Zeus apaga eu


quinta-feira, 6 de junho de 2013

Classificado


Tenho na altura
a cor dos meus cabelos
Na vida, sou equilibrista
de desastres instintos
Em horários comerciais
gosto de me entreter
com coisas do tipo
-Mirar Geladeiras
-Vasculhar entulhos
-Cantar axé no chuveiro
Vida sexual,
esquento a água do chá
na esperança de me transformar
em algum cheiro secreto
e voar invisível pelas frestas
das portas de apartamentos
Procuro um sujeito
não precisa concordar
olhares e beijos
são pra mim
verbos inteiros

Se sabe responder correspondência, peço que me escreva:



segunda-feira, 3 de junho de 2013

Ser Tão

Polui-me de sujeitos
na corrente de um rio
beirado com a seca

Re-corrente café urbano
o que sei eu sobre o Sertão?

De burros conheço,
tem nome e cheiro
de corrida lambida na crina

De gauches mineiros conheço,
tem pegado como um irmão,
nas minhas linhas, na minha mão

Cantigas antigas,
como trilho de trêm
dentro do caixão
no buraco que não me cabe
dentro do asfalto,
essa cidade não tem chão

Gritam muitos carros
na avenida que me colhe e sabe

Também sei que prato
não é comida em que se cospe.
Tem cara, tem ouvido e
e não tem perdão

Intuitivo Jagunços
da lei
da terra batida

Homem feito
Homem nada
Super feito
com os burros
n´agua

Fez dele ignorante
e transformou-te em verdade
Café urbano,
o que sei eu
desse eco de cidade?


Baby Blue

A minha casa cheira
a mim
a eu

a útero























https://soundcloud.com/marcelathome/baby-blue-1

domingo, 2 de junho de 2013

Lucky stars in your eyes

Poor of thoughts
It's time
Bang Bang
Discovering blood
Pure Mock
Getting it going
against all odds

Candy



"His heart pounds like a voodoo drum"

Thy was true, me full of madness, distorted darkness
He picked me up out of the pissing floor and hold my hand

He said:
It makes me feel alive to be with someone that feels such deep emotions about everything

and I cried silently with blush and shame

I wrote and I wrote, I guess I never stopped to listen that my beloved was my true poet. He saw a gardens full of green, my body full of dreams. I could see his soul melting under every raging rain.

I choke,when the memory arrives, us running away from my mother's house together, that day my love, you saved my life.

There is no going back, with us it's always a very thin line

Thy is true, my shaking lips knows only to remember you

https://soundcloud.com/marcelathome/candy